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Budismo

Budismo é uma doutrina metafísica (em muitos países considerado como religião e respeitamos isso) fundamentada nos ensinamentos do Buddha para todos os seres.

Quando Buddha caminhou neste mundo, sua intenção não era de converter as pessoas, mas sim de ensinar o Caminho onde os seres pudessem debelar com Dukkha (Sofrimento insatisfatório e angustiante que permeia a existência).

Os ensinamentos de Buddha proporcionaram a muitos povos a cultura da compaixão, justiça, cuidado, felicidade, harmonia, ao longo de seus quase 3.000 anos de existência.

Os ensinamentos de Buddha visam auxiliar os seres de uma forma prática, construído através do cultivo da tradição (Parampará sampradaya em sânscrito).

É possível ser praticado por toda a pessoa que quiser transformar a sua vida, e aqui na Fraternidade Kung Fu® é a base filosófica de tudo o que é ensinado.

O Shaolin Kung Fu é uma forma de praticar e expressar o budismo na vida quotidiana, aliás no Mosteiro Shaolin ele é uma das práticas junto com a recitação de sutra, mantra e zuò Ch'An (sentar-se em meditação).

É importante lembrar que, embora os ensinamentos de Buddha possam ser aprendidos na Fraternidade Kung Fu® como um caminho de vida, inclusive com a possibilidade da pessoa tornar-se monge budista, através da ordem Zen Soto (Caodong Ch'an em mandarim), do ramo japonês fundado por mestre Dogen Zenji, que treinou na China e levou ao Japão o tradicional budismo, através do monge Ryûshin (Shifu Fernando Sedano) e sua mestra (Isshin Heavens Roshi), a pessoa não precisa ser budista, ou aderir ao budismo como prática. Apenas os ensinamentos são entremeados pelo budismo Zen (Ch'an).

Existe um pressuposto em Shaolin que diz que Ch'an e Kung Fu são um mesmo caminho (Quan Ch'an Yi Dao 拳禪一道).

Segundo a tradição do Kung Fu shaolin, o fundador do Budismo, Sidarta Gautama – Sharvatasida Gotami – foi um nobre príncipe guerreiro do clã Shakia, da kasta dos Kshastryas. Ele recebera os ensinamentos das escrituras dos melhores Brâmanes do reino e foi treinado como soldado nas artes marciais pelo guerreiro Shantideva.

Aprendeu à maestria lutas corpo-a-corpo, lutas com o punho, vários tipos de combate com espadas, alabardas e sabres, lanças, equitação, doma de elefantes de guerra, arquearia e mais 24 tipos diferentes de artes Yuddha (Artes de guerra).

Entretanto, como havia sido anunciado em seu nascimento, pelo sábio Asita: "Esta criança será o senhor das guerras, ou o salvador do mundo, mesmo aprendendo todas as artes de guerra do reino de Shakya, suas inclinações ainda eram para a reflexão e pesquisa do mundo interior.

Seu pai, Rei Sudhodana sabendo sa inclinação do príncipe ao caminho do Dharma, criou um mundo maravilhoso a seu filho, com todas as regalias e prazeres.

Sidharta não sentiu-se atraído por este mundo oferecido, e um dia, quando pode sair pela primeira vez do castelo fez o primeiro contato com o sofrimento do mundo, quando viu um homem velho, uma pessoa doente, pessoas mortas sendo cremadas e um asceta. Após estas visões, percebeu que todos os seres sofrem incessantemente, e a busca dos seres, em suas vidas é uma constante luta para encontrarem uma forma de não sofrere, entretanto para isso, impingem sofrimento a outros seres, criando um grande ciclo de sofrimento. Sendo assim, embora fosse casado com Yashodara, e tivesse um filho chamado Rahula,  decidiu sair do palácio e tornar-se um asceta até poder compreender os problemas de nascimento/velhice/doença e morte. 

Siddharta teve dois mestres Allara Kalama e Uddhaka Ramaputra.

Treinou com eles, realizou os ensinamentos destes mestres, porém observou que ainda havia algo a compreender, sendo assim, deixou seu mestres e praticou todos os tipos de tapasyas até mesmo comer apenas um grão de cereal por dia, estava praticando junto a cinco ascetas shramanas, até que um dia, quando meditava em frente ao rio Neranjara, ouviu em mestre de sítara ensinando a um discípulo sobre como afinava o instrumento, ouviu a seguinte frase: "Se puxar muito a corda, ela arrebentará, se deixá-la frouxa, não tem som, neste momento ele compreendeu onde precisava ir.

Foi até o rio Neranjara, abandonou as tapasyas, tomou banho, limpou-se asseou suas vestes e cabelos

, comeu um mingau de arroz e leite preparados pela menina Sujata, sentou-se confortavelmente debaixo da árvore Bodhi e teve a clara e completa compreensão e o não surgimento, o Nirvana.

A partir deste dia, e por mais 45 anos de sua vida, ensinou milhares de pessoas sobre as 4 nobres verdades e o Supremo Caminho.

O Caminho do Kung Fu Shaollin Kung Fu é pautado no caminho de Sidharta Gotama (O Buddha). Pelo treinamento e cultivo marcial, desenvolvemos uma mente clara e límpida, desenvolvemos um corpo forte e saudável, que nos permite estarmos aptos para o cultivo que conduz ao Samadhi, que é a meditação, na Fraternidade Kung Fu® desenvolvemos o Ch'an, o Zen do Quan Fa (Arte dos punhos) de Shaolin, o Kung Fu de Shaolin, ou seja, aprender as técnicas marciais, meditativas e medicinais sem a ideia de apego e aversão.

Pelo budismo nos conduzimos à tranquilidade.

O praticante de Shaolin desenvolve esta tranquilidade tendo o Kung fu como veículo.

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Foto da ordenação monástica de monge Ryushin (Fernando Sedano), em 8 de Abril de 2012.

 

Termos e conceitos básico do Dharma de Buddha

Os três selo do dharma:

Buddha caracterizou todos os fenômenos como condicionados (sânsc. samskrita dharma), ou seja, toda a existência (sânsc. samsara),  traz consigo os selos (sânsc. trilakshana):

  1. Impermanência (sânsc. anitya)

  2. Sofrimento ou insatisfação (sânsc. duhkha)

  3. Não-eu, ou insubstancialidade (sânsc. anatman)

As Quatro Nobres Verdades

  1. A verdade do sofrimento insatisfatório e angustiante (sânsc. duhkha)

  2. A verdade da causa, existem causas e condições para o duhkha (sânsc. samudaya)

  3. A verdade da cessação, extinguindo causas e condições, extingue-se duhkha (sânsc. nirodha)

  4. A verdade do caminho, existe um caminho de cultivo para extinguir as causas e condições (sânsc. marga)

O Caminho Supremo (Arya Marga)

  1. Visão correta 

  2. Intenção correta

  3. Fala correta

  4. Ação correta

  5. Meio de vida correto

  6. Esforço correto

  7. Atenção correta

  8. Concentração correta
    Todas estas categorias onde geralmente estão traduzidas como correto, não são corretos no sentido moral, e sim apropriado para extinguir com o movimento que traz a mente para a agitação e o não reconhecimento da verdadeira natureza dos dharmas.
    A mente tranquila é a mente cultivada e treinada no dharma que extingue o movimento que gera o sofrimento angustiante (Duhkah)

Os Três Treinamentos

  1. Sabedoria (ou discernimento, visão clara, sânsc. prajña, adhiprajña.)

  2. Virtude (ou disciplina, sânsc. shila, adhishila.)

  3. Concentração (ou meditação, atingida pelo cultivo, sânsc. samadhi, adhisamadhi)

As Três Sabedorias

  1. Sabedoria do ouvir

  2. Sabedoria do refletir

  3. Sabedoria do Cultivo

Os dez preceitos dos bodhisattvas

Este texto foi extraído do segundo capítulo do Brahmajala Sutra (O Sutra da rede de Brahma)

Gostaria também de lembrar, que os preceitos tem a função de auxiliar o praticante a pacificar a mente, nunca terão a pretensão de ser um código de leis morais para julgar as outras pessoas, é de uso pessoal única e exclusivamente aplicados aos praticantes e suas mentes.

O texto:

 

Buda disse aos seus discípulos, “Existem dez preceitos Pratimoksa (maiores) de Bodhisattva. Se alguém recebe os preceitos mas não os recita, não é um Bodhisattva nem uma semente do estado Buda. Também eu recito estes preceitos. Todos os Bodhisattvas os estudaram no passado, os estudarão no futuro e os estudam agora. Seguidamente explicarei as características principais dos preceitos de Bodhisattva. Deveis estudá-los e observá-los de todo o coração.”

1. Primeiro Preceito Maior: Não Matar

Um discípulo de Buda não deve matar, encorajar outros a matar, matar por expedientes, louvar o ato de matar, rejubilar-se ao presenciar o ato de matar ou matar mediante encantamentos ou mantras desviantes. Não deve criar as causas, condições, métodos ou karma de matar e não deve matar intencionalmente qualquer criatura viva.

Enquanto discípulo de Buda, deve desenvolver uma mente compassiva e filial, procurando sempre meios hábeis para salvar e proteger todos os seres. Se, pelo contrário, falha em se restringir, tirando prazer cruel em matar, comete uma ofensa Parajika (maior).

2. Segundo Preceito Maior: Não Roubar

Um discípulo de Buda não deve roubar, encorajar outros a roubar, roubar por expedientes, roubar mediante encantamentos ou mantras desviantes. Não deve criar as causas, condições, métodos ou karma de roubar. Nenhum valor ou bem, mesmo pertencente a fantasmas, espíritos ou ladrões, seja ele pequeno como uma agulha ou uma erva, pode ser roubado.

Enquanto discípulo de Buda, deve desenvolver uma mente misericordiosa, compassiva e filial – ajudando sempre as pessoas a obterem méritos e virtudes e a alcançarem felicidade. Se, pelo contrário, ele rouba o que pertence a outros, comete uma ofensa Parajika.

3. Terceiro Preceito Maior: Não Manter Condutas Sexuais Impróprias

Um discípulo de Buda não deve envolver-se em atos licenciosos ou encorajar outros a fazê-lo. [Enquanto Monge] não deve ter relações sexuais com nenhuma fêmea – seja ela humana, animal, divindade ou espírito – nem criar as causas, condições, métodos ou karma dessa má conduta. Além disso, não deve envolver-se em conduta sexual imprópria com ninguém.

Um discípulo de Buda deve ter uma mente filial, salvando os seres e instruindo-os no Dharma da pureza e castidade. Se, em vez disso, é desprovido de compaixão e encoraja outros a se envolverem em condutas sexuais impróprias, ou envolve-se promiscuamente com alguém, incluindo animais ou mesmo a sua mãe, filha, irmã ou outros parentes próximos, comete uma ofensa Parajika.

4. Quarto Preceito Maior: Não Mentir Nem Falar com Falsidade

Um discípulo de Buda não deve usar palavras ou expressões falsas, nem encorajar outros a mentir ou mentir mediante expedientes. Não deve envolver-se nas causas, condições, métodos ou karma de mentir, dizendo ter visto o que não viu ou vice-versa, ou mentindo implicitamente mediante meios físicos ou mentais. Como discípulo de Buda deve manter sempre a Fala Correta e o Ponto de Vista Correto e levar os outros a mantê-los também. Se, em vez disso, conduz os outros a um discurso errôneo, a pontos de vista errôneos ou mau karma comete uma ofensa Parajika.

5. Quinto Preceito Maior – Não Vender Bebidas Alcoólicas

Um discípulo de Buda não deve negociar bebidas alcoólicas ou encorajar os outros a fazê-lo. Ele não deve criar as causas, condições, métodos ou karma de vender qualquer substância tóxica, porque os tóxicos são a fonte de todos os tipos de ofensas.

Enquanto discípulo de Buda, deve ajudar todos os seres a alcançar sabedoria clara – se em vez disso os induz a um pensamento perturbado e turvo, comete uma ofensa Parajika.

6. Sexto Preceito Maior: Não Veicular as Faltas da Assembléia

Um discípulo de Buda não deve veicular as faltas ou infrações de Bodhisattvas ordenados ou leigos, nem de monges e monjas comuns, nem encorajar outros a fazê-lo. Não deve criar as causas, condições, métodos ou karma de discutir as faltas da assembléia.

Enquanto discípulo de Buda, sempre que ouça pessoas malévolas, não-Budistas ou seguidoras dos Dois Veículos falarem de práticas contrárias aos preceitos no seio da comunidade Budista, deve instruí-los com mente compassiva e levá-los a desenvolver uma fé sadia no Mahayana. Se, em vez disso, discute as faltas e más ações que ocorram no seio da assembléia, comete uma ofensa Parajika.

7. Sétimo Preceito Maior: Não Se Louvar Depreciando os Outros

Um discípulo de Buda não deve louvar-se e falar mal dos outros ou encorajar outros a fazê-lo. Não deve criar as causas, condições, métodos ou karma de se louvar a si mesmo e depreciar os outros.

Enquanto discípulo de Buda deve estar disposto a se sacrificar por todos os seres e a suportar humilhações e calúnias – aceitando censuras e deixando que os outros seres recebam toda a glória.

Se, em vez disso, exibe as suas virtudes e encobre os aspectos positivos dos outros, fazendo desse modo com que sofram calúnias, comete uma ofensa Parajika.

8. Oitavo Preceito Maior: Não ser Avarento Nem Abusivo

Um discípulo de Buda não deve ser avarento nem encorajar outros a sê-lo. Não deve criar as causas, condições, métodos ou karma da avareza. Enquanto Bodhisattva, sempre que uma pessoa necessitada pede ajuda, deve dar-lhe o que quer que ela precise. Se, em vez disso, com raiva e ressentimento, lhe nega toda a assistência – recusando-se a ajudar ainda que com apenas um centavo, uma agulha ou uma erva, mesmo que com uma sentença ou verso ou uma letra do Dharma, mas em vez disso, censura e insulta essa pessoa – comete uma ofensa Parajika.

9. Nono Preceito Maior: Não Alimentar Raiva e Ressentimento

Um discípulo de Buda não deve acolher o sentimento de raiva ou encorajar outros a se enfurecer. Não deve criar as causas, condições, métodos ou karma da raiva.

Enquanto discípulo de Buda, deve ser compassivo e filial, ajudando todos os seres a desenvolverem boas raízes de não-confrontação. Se, em vez disso, insulta e desrespeita os seres, mesmo seres de transformação [tais como divindades ou espíritos] com palavras rudes, agredindo-os com o punho ou com o pé, com uma faca ou com um pau – ou guarda rancor mesmo depois de a vítima confessar os seus erros e pedir perdão com uma voz doce e conciliatória – o discípulo comete uma ofensa Parajika.

10. Décimo Preceito Maior: Não Caluniar as Três Jóias

Um discípulo de Buda não deve falar mal dos Três Tesouros ou encorajar outros a fazê-lo. Não deve criar as causas, condições, métodos ou karma da calúnia. Se um discípulo ouve ainda que uma só palavra de calúnia contra Buda, proferida por não-Budistas ou seres malévolos, experimenta uma dor semelhante à de trezentas setas a trespassarem o seu coração. Como pode então ser possível ele mesmo caluniar as Três Jóias?

Assim, se um discípulo é desprovido de fé e de sentimentos filiais e ajuda pessoas malévolas ou com noções aberrantes a caluniar os Três Tesouros, comete uma ofensa Parajika.

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